terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ALGUNS DOS MEUS ALUNOS APROVADOS NOS VESTIBULARES: PARABÉNS!!!



DICAS SOBRE COESÃO TEXTUAL

Ainda dentro da coesão interfrásica, existe o processo de justaposição, em que a coesão se dá em função da seqüência do texto, da ordem em que as informações, as proposições, os argumentos vão sendo apresentados. Quando isto acontece, ainda que os operadores não tenham sido explicitados, eles são depreendidos da relação que está implícita entre as partes da frase. O trecho abaixo é um exemplo de justaposição.
Foi em cabarés e mesas de bar que Di Cavalcanti fez amigos, conquistou mulheres, foi apresentado a medalhões das artes e da política. Nos anos 20, trocou o Rio por longas temporadas em São Paulo; em seguida foi para Paris. Acabou conhecendo Picasso, Matisse e Braque nos cafés de Montparnasse. Di Cavalcanti era irreverente demais e calculista de menos em relação aos famosos e poderosos. Quando se irritava com alguém, não media palavras. Teve um inimigo na vida. O também pintor Cândido Portinari. A briga entre ambos começou nos anos 40. Jamais se reconciliaram. Portinari não tocava publicamente no nome de Di.
(Revista VEJA, nº 37,setembro/97)
Há, neste trecho, apenas uma coesão interfrásica explicitada: trata-se da oração "Quando se irritava com alguém, não media palavras". Os demais possíveis conectores são indicados por ponto e ponto-e-vírgula.
Coesão Temporal - uma sequência só se apresenta coesa e coerente quando a ordem dos enunciados estiver de acordo com aquilo que sabemos ser possível de ocorrer no universo a que o texto se refere, ou no qual o texto se insere. Se essa ordenação temporal não satisfizer essas condições, o texto apresentará problemas no seu sentido. A coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores temporais). Exemplos:
A dita Era da Televisão é, relativamente, nova. Embora os princípios técnicos de base sobre os quais repousa a transmissão televisual já estivessem em experimentação entre 1908 e 1914, nos Estados Unidos, no decorrer de pesquisas sobre a amplificação eletrônica, somente na década de vinte chegou-se ao tubo catódico, principal peça do aparelho de tevê. Após várias experiências por sociedades eletrônicas, tiveram início, em 1939, as transmissões regulares entre Nova Iorque e Chicago - mas quase não havia aparelhos particulares. A guerra impôs um hiato às experiências. A ascensão vertiginosa do novo veículo deu-se após 1945. No Brasil, a despeito de algumas experiências pioneiras de laboratório (Roquete Pinto chegou a interessar-se pela transmissão da imagem), a tevê só foi mesmo implantada em setembro de 1950, com a inauguração do Canal 3 (TV Tupi), por Assis Chateaubriand. Nesse mesmo ano, nos Estados Unidos, já havia cerca de cem estações, servindo a doze milhões de aparelhos. Existem hoje mais de 50 canais em funcionamento, em todo o território brasileiro, e perto de 4 milhões de aparelhos receptores. [dados de 1971]
(Muniz Sodré, A comunicação do grotesco)
Temos, neste parágrafo, a presentação da trajetória da televisão no Brasil, e o que contribui para a clareza desta trajetória é a seqüência coerente das datas: entre 1908 e 1914, na década de vinte, em 1939, Após várias experiências por sociedades eletrônicas, (época da) guerra, após 1945, em setembro de 1950, nesse mesmo ano, hoje.
Embora o assunto neste tópico seja a coesão temporal, vale a pena mostrar também a ordenação espacial que acompanha as diversas épocas apontadas no parágrafo: nos Estados Unidos, entre Nova Iorque e Chicago, no Brasil, em todo o território brasileiro.
Coesão Referencial - neste tipo de coesão, um componente da superfície textual faz referência a outro componente, que, é claro, já ocorreu antes. Para esta referência são largamente empregados os pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos. Exemplos:
a) Durante o período da amamentação, a mãe ensina os segredos da sobrevivência ao filhote e é arremedada por ele. A baleiona salta, o filhote a imita. Ela bate a cauda, ele também o faz. (Revista VEJA, nº 30,julho/97)
ela, a - retomam o termo baleiona, que, por sua vez, substitui o vocábulo mãe/ ele - retoma o termo filhote ele também o faz - o retoma as ações de saltar, bater, que a mãe pratica.
b) Madre Teresa de Calcutá, que em 1979 ganhou o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com os destituídos do mundo, estava triste na semana passada. Perdera uma amiga, a princesa Diana. Além disso, seus problemas de saúde agravaram-se. Instalada em uma cadeira de rodas, ela mantinha-se, como sempre, na ativa. Já que não podia ir a Londres, pretendia participar, no sábado, de um ato em memória da princesa, em Calcutá, onde morava há quase setenta anos. Na noite de sexta-feira, seu médico foi chamado às pressas. Não adiantou. Aos 87 anos, Madre Teresa perdeu a batalha entre seu organismo debilitado e frágil e sua vontade de ferro e morreu vítima de ataque cardíaco. O Papa João Paulo II declarou-se "sentido e entristecido". Madre Teresa e o papa tinham grande afinidade. (Revista VEJA, nº 36, setembro/97)
que, seu, seus, ela, sua referem-se a Madre Teresa. princesa retoma a expressão princesa Diana. papa retoma a expressão Papa João Paulo II. onde se refere à cidade de Calcutá.
Há ainda outros elementos de coesão, como Além disso, já que, que introduzem, respectivamente, um acréscimo ao que já fora dito e uma justificativa.
c) Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior esbórnia. Elas se reúnem em grupos de três a oito animais, sempre com uma única fêmea no comando. É ela, por exemplo, que determina a velocidade e a direção a seguir. Os machos vão atrás, na expectativa de ver se a fêmea cai na rede, com o perdão do trocadilho, e aceita copular. Como há mais machos que fêmeas, elas copulam com vários deles para ter certeza de que engravidarão. (Revista VEJA, nº 30, julho/97)
Neste exemplo, ocorre um tipo bastante comum de referência - a anafórica. Os pronomes elas (que retoma jubartes ), ela (que retoma fêmea ), elas (que se refere a fêmeas ) e deles (que se refere a machos ) ocorrem depois dos nomes que representam.
d) Ele foi o único sobrevivente do acidente que matou a princesa, mas o guarda-costas não se lembra de nada. (Revista VEJA, nº 37, setembro/97)
e) Elas estão divididas entre a criação dos filhos e o desenvolvimento profissional, por isso, muitas vezes, as mulheres precisam fazer escolhas difíceis. (Revista VEJA, no 30, julho/97)
Nas letras d, e temos o que se chama uma referência catafórica. Isto acontece porque os pronomes Ele e Elas, que se referem, respectivamente a guarda-costas e mulheres aparecem antes do nome que retomam.
f) A expedição de Vasco da Gama reunia o melhor que Portugal podia oferecer em tecnologia náutica. Dispunha das mais avançadas cartas de navegação e levava pilotos experientes. (Revista VEJA, nº 27, julho/97)
Temos neste período uma referência por elipse. O sujeito dos verbos dispunha e levava é A expedição de Vasco da Gama, que não é retomada pelo pronome correspondente ela, mas por elipse, isto é, a concordância do verbo - 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo - é que indica a referência.
Existe ainda a possibilidade de uma idéia inteira ser retomada por um pronome, como acontece nas frases a seguir:
a) Todos os detalhes sobre a vida das jubartes são resultado de anos de observação de pesquisadores apaixonados pelo objeto de estudo. Trabalhos como esse vêm alcançando bons resultados. (Revista VEJA, no 30, julho/97)
O pronome esse retoma toda a seqüência anterior.
b) Se ninguém tomar uma providência, haverá um desastre sem precedentes na Amazônia brasileira. Ainda há tempo de evitá-lo. (Revista VEJA, junho/97)
O pronome lo se refere ao desastre sem precedentes citado antes.
c) A lei é um absurdo do começo ao fim. Primeiro, porque permite aos moradores da superquadra isolar uma área pública, não permitindo que os demais habitantes transitem por ali. Segundo, o projeto não repassa aos moradores o custo disso, ou seja, a responsabilidade pela coleta de lixo, pelos serviços de água e luz e pela instalação de telefones. Pelo contrário, a taxa de limpeza pública seria reduzida para os moradores. Além disso, a aprovação do texto foi obtida mediante emprego de argumentos falsos. (Revista VEJA, julho/97)
Este texto apresenta diferentes tipos de elementos de coesão. ali - faz referência a área pública , anteriormente citada. disso - retoma o que é considerado um absurdo dentro da nova lei. Ao mesmo tempo, disso é explicado a partir do operador ou seja, pelo contrário - conectores que introduzem uma retificação, uma correção. Além disso - conector que tem por função acrescentar mais um argumento ao que está sendo discutido. Primeiro e Segundo - estes conectores indicam a ordem dos argumentos, dos assuntos.
Coesão lexical
Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos. Dentro da coesão lexical, podemos distinguir a reiteração e a substituição.
Por reiteração entendemos a repetição de expressões lingüísticas; neste caso, existe identidade de traços semânticos. Este recurso é, em geral, bastante usado nas propagandas, com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o nome e as qualidades do que é anunciado. Observe, nesta propaganda da Ipiranga, quantas vezes é repetido o nome da refinaria.
Em 1937, quando a Ipiranga foi fundada, muitos afirmavam que seria difícil uma refinaria brasileira dar certo.
Quando a Ipiranga começou a produzir querosene de padrão internacional, muitos afirmavam, também, que dificilmente isso seria possível.
Quando a Ipiranga comprou as multinacionais Gulf Oil e Atlantic, muitos disseram que isso era incomum.
E, a cada passo que a Ipiranga deu nesses anos todos, nunca faltaram previsões que indicavam outra direção.
Quem poderia imaginar que a partir de uma refinaria como aquela a Ipiranga se transformaria numa das principais empresas do país, com 5600 postos de abastecimento anual de 5,4 bilhões de dólares?
E, que além de tudo, está preparada para o futuro?
É que, além de ousadia, a Ipiranga teve sorte: a gente estava tão ocupado trabalhando que nunca sobrou muito tempo para prestar atenção em profecias.
(Revista VEJA, nº 37, setembro/97)
Fonte: www.jurisway.org.br