sábado, 26 de março de 2011

NOVO ACORDO: HÍFEN

Não se emprega o hífen:

1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se em r ou s. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.

2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.

3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos des- e in- e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.

4. Nas formações com o prefixo co-, mesmo quando o segundo elemento começar com o: cooperação, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Em certas palavras que com o uso adquiriram noção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc.

6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito, benquerer, benquerido, etc.

Emprega-se o hífen:
1. Nas formações em que o prefixo tem como segundo termo uma palavra iniciada por h: sub-hepático, eletro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-homem.

2. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
Para não gerar dúvidas, vejamos os casos mais comuns do uso do hífen que continua o mesmo depois do reforma ortográfica:
1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.

2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, eva-do-chá, abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.

3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém-fiar, etc.

4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.

6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quando associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc.

7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.

8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.

9. Na ênclise e tmese: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.

FONTE: Gramática Brasil Escola

DESFAZENDO AS DÚVIDAS SOBRE O "que" E O "se"

A palavra QUE em português pode ser:

Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa.
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de exclamação. Usa-se também a variação o quê! A palavra que não exerce função sintática quando funciona como interjeição.

Quê! Você ainda não está pronto?
O quê! Quem sumiu?

Substantivo: equivale a alguma coisa.
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro determinante, e receberá acento por ser monossílabo tônico terminado em e. Como substantivo, designa também a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa classe de palavra(sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, etc.)

Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função de núcleo do objeto direto)

Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal em que o
auxiliar é o verbo ter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não exerce função sintática.

Tenho que sair agora.
Ele tem que dar o
dinheiro hoje.

Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase, sem prejuízo algum para o sentido.
Nesse caso, a palavra que não exerce função sintática; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce. Como partícula expletiva, aparece também na expressão é que.

Quase que não consigo chegar a tempo.
Elas é que conseguiram chegar.

Advérbio: modifica um adjetivo ou um advérbio. Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a palavra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no caso, de intensidade.

Que 
lindas flores!
Que barato!

Pronome: como pronome, a palavra que pode ser:
• pronome relativo: retoma um termo da oração antecedente, projetando-o na oração conseqüente. Equivale a o qual e flexões.
Não encontramos as pessoas que saíram.
• pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando for pronome substantivo, a palavra que exercerá as funções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc.)
Que aconteceu com você?

• pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Que vida é essa?

Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a palavra que pode relacionar tanto orações coordenadas quanto subordinadas, daí classificar-se como conjunção coordenativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa explicativa)
Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa consecutiva)

Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa integrante.

Desejo que você venha logo.


A palavra se

A palavra se, em português, pode ser:

Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a palavra se pode ser:
* conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
* conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração adverbial condicional (equivale a caso).
Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.

Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce.
Passavam-se os dias e nada acontecia.

Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função sintática.
Ele arrependeu-se do que fez.

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede objeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passiva sintética. É também chamada de pronome apassivador. Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas apassivar o verbo.

Vendem-se casas.
Aluga-se carro.
Compram-se jóias.
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. Não exerce propriamente uma função sintática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa do singular.

Trabalha-se de dia.
Precisa-se de vendedores.

Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do sujeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblíquo se sempre será reflexivo (equivalendo a  a si mesmo), podendo assumir as seguintes funções sintáticas:

* objeto direto
Ele cortou-se com o facão.
* objeto indireto
Ele arroga-se direitos que não possui.
* sujeito de um infinitivo
“Sofia deixou-se estar à janela.”

FONTE:

FIQUE POR DENTRO!!!

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Próclise ou ênclise - O pronome pode ficar antes ou depois do verbo quando houver:

1) sujeito explícito antes do verbo:
  • Ele se manteve / manteve-se irredutível em relação ao divórcio.
  • William Golding se consagrou/consagrou-se como um mestre em esmiuçar questões complexas da natureza humana.
  • Desde os dois anos de idade Laís se veste /veste-se sozinha.
  • Humilhar  o vizinho se tornou/tornou-se uma obsessão para Joel.
  • Por muito tempo aquelas pessoas se debateram/debateram-se com o alcoolismo.
2) conjunção coordenativa:
  • Gostei da festa, porém me despedi/despedi-me cedo.
  • Tem rompantes, mas se arrepende/arrepende-se depois.
  • O governador foi taxativo e se estendeu/estendeu-se longamente sobre o assunto.

3) preposição antes de verbo no infinitivo:
  • Nas lojas esportivas encontramos o equipamento ideal para proporcionar-nos/para nos proporcionar uma vida sadia.
  • Temos satisfação em lhe participar / em participar-lhe a inauguração da fábrica.
  • Tenho o prazer de lhes falar/falar-lhes sobre a filosofia que norteia nossa instituição.

Obs. Quando o pronome é a/as, o/os, torna-se preferível a ênclise: Conseguido o divórcio, sentiu-se tentada a enganá-lo (em vez de a o enganar) na divisão dos bens. / Tenho o prazer de convidá-los a comparecer ao batismo. / Folgo por sabê-los bem.

Recomendações

Para muitos, trata-se de regras rígidas, mais do que recomendações. Digamos que quem quer redigir com correção e estilo deve cuidar para adotar a próclise nas seguintes situações:

1) Os pronomes indefinidos e relativos e as conjunções subordinativas atraem o pronome átono; para facilitar seu reconhecimento, convém notar que grande parte começa com qu:
Eis o livro do qual se falou a noite inteira.
Procuramos quem se interesse por criação de bicho-da-seda.
Quer me arrependa, quer não, irei lá.
O resultado das urnas serviu para mostrar a falácia daqueles que se jactavam de uma força política que lhes permitia tudo.
Sua carreira política começou em 1955, quando se elegeu vereador pelo antigo PTB.
Em sociedade tudo se sabe. / Onde se meteram eles?
2) Também as palavras de valor negativo atraem o pronome átono:
Nada nos afeta tanto quanto o aumento do leite. / Nunca se viu coisa igual.
Não me diga isso para não me aborrecer. / Ninguém os tolera.
Jamais se soube a verdadeira versão dos fatos.
É interessante observar que se a palavra negativa precede um infinitivo não flexionado, o pronome pode vir depois do verbo: Calei para não a magoar.  Calei para não magoá-la. / Saí para não os incomodar/para não incomodá-los.

3) Advérbios de um modo geral atraem o pronome átono:
Aqui se faz, aqui se paga. / Agora te reconheço. / Sempre se disse isso.
se foi nosso dinheiro... / Talvez nos encontremos. / Devagar se vai ao longe.
Ele certamente a viu. / Muito nos contaram sobre isso. / Logo se saberá o resultado.
Dissemos, na semana passada, que a língua portuguesa no Brasil é proclítica. Tanto é assim que o Manual Geral de Redação da Folha de S. Paulo resume sua orientação alertando para esse ponto: “Atualmente o pronome é colocado antes do verbo haja ou não uma palavra que o atraia (pronome relativo, negações etc.). Mas em pelo menos um caso usa-se o pronome depois do verbo: início de oração”.
proibições - Há apenas duas situações inviáveis:
1) a ênclise com os tempos futuros; em outros termos: colocar o pronome átono depois dos verbos no futuro do presente e do pretérito do indicativo e no futuro do subjuntivo:
fazerei-me / faria-nos / diriam-se / se disser-te / quando puse-las / se trouxe-las etc.

2) o pronome átono depois do particípio: Eu já teria aposentado-me se ganhasse bem.

Se aplicar a orientação de sempre usar o pronome na frente do verbo, você já não corre o risco de cometer esse erro de ênclise. Como corrigir essas situações, então? Usar a próclise colocando um sujeito explícito antes do verbo, para não deixar o pronome no início da frase:
  • Eu me benzerei; ele nos faria um favor; se te disser; quando (eu) as puser no lugar; eles se diriam magoados. Ficarei feliz se (você) as trouxer junto.
  • Eu já teria me aposentado se ganhasse bem.
Começo de frase

Ainda não aceita na linguagem culta formal, a colocação do pronome átono em início de frase é permitida na linguagem informal e nos diálogos - pode ser “proibida”, mas não é inviável, portanto. Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1985: 307), observam que essa possibilidade – especialmente com a forma me – é característica do português do Brasil e também do português falado nas repúblicas africanas. E citam exemplos de Erico Veríssimo e Luandino Vieira, respectivamente: Me desculpe se falei demais. / Me arrepio todo...
E já escrevia Mário de Andrade, em “Turista Aprendiz”: Se sente que o dia vai sair por detrás do mato. Em todo caso, deve-se evitar o uso do pronome “se” no começo da frase porque ele pode induzir o leitor a pensar que se trata da conjunção condicional se.

Locução verbal

Relembrando: locução verbal é a reunião de dois ou mais verbos para exprimir uma só ação. O primeiro verbo é chamado auxiliar; o último é o principal e está sempre no infinitivo, no gerúndio ou no particípio. Para melhor visualização e fixação, vejamos as possibilidades de colocação dos pronomes átonos por meio de exemplos apenas.

1) Auxiliar + Infinitivo
Quero fazer-lhe uma surpresa.
Quero-lhe fazer uma surpresa.
Quero lhe fazer uma surpresa. [sem hífen é mais brasileiro]
Eu lhe quero fazer uma surpresa.

2) Auxiliar + Infinitivo com preposição
Começamos a nos preparar para o vestibular.
Começamos a preparar-nos para o vestibular.
3) Auxiliar + Gerúndio
Eles foram afastando-se.
Eles foram-se afastando.
Eles foram se afastando. [colocação brasileira]
Eles se foram afastando.
4) Auxiliar + Particípio
O povo havia-se retirado quando chegamos.
O povo havia se retirado quando chegamos.
O povo se havia retirado quando chegamos.
Veja que aqui só há três opções, porque não se permite a ênclise com o particípio.


Fonte: